quarta-feira, 30 de abril de 2008

Segredo conjugal

Muitos me perguntam, seja pessoalmente, seja por telefone, até por e-mail:
- Soié, como é possível viver tão bem com a esposa, em tão perfeita harmonia, sem brigas ou discussões?
O povo ficou muito curioso, depois que Aparecida e eu fomos entrevistados sobre esse assunto, pelo repórter do Labirinto, daqui de Nova Era. Provavelmente por indicação de meu filho Bonifácio, bacharel, redator daquele jornal. Querem saber como nos mantivemos casados durante 59 anos, já pensando nas festividades das Bodas de Diamante, sem nunca termos uma discussão, por menor que seja. Faço questão de dizer: estamos sempre de acordo.
Incrédulo, o jovem repórter indaga:
- Mas vocês nunca discutiram, mesmo?
- Não, de maneira alguma, garanto.
- Como é possível uma coisa dessas?
- É fácil, respondo. Escute a história que vou contar e terá a receita exata da paz conjugal.
Tudo começou já na lua-de-mel. Recém-casados, lá fomos nós para a Pousada do Rio Quente, em Goiás.
O inesperado foi que minha mulher levou consigo uma gatinha à qual se afeiçoara desde os tempos de noivado. Não pude evitar, pois ela me disse que o tal bichinho era tudo que mais amava na vida, a criatura sem a qual ela preferiria morrer. Diante de tão forte argumento, fazer o quê?
Pois bem, passeamos muito, até visitamos a cratera de um extinto vulcão, de onde brotavam as famosas águas quentes. Foi ali que começou a coleção de pedras da Aparecida: catou um pedaço de lava, pretinho.
Sem entrar em detalhes, posso garantir que nos divertimos muito, sempre acompanhados do animalzinho de estimação.
Certo dia, sem mais nem menos, a tal gatinha mordeu o dedo de Aparecida. Indignada, com os olhos merejados de lágrimas, olhou bem nos olhos do bichano e falou:
- Um!
Dia seguinte, outra mordida. Chorando, Aparecida encarou a gata e murmurou-lhe no pé do ouvido:
- Dois!
Na terceira mordida, Aparecida, para meu maior espanto, sacou da bolsa uma garrucha, gritou "Três" e sapecou uns cinco tiros na bichinha!!!
Obviamente fiquei apavoradíssimo, não sabia o que dizer, fiquei mesmo furioso e parti pra cima de minha mulher:
- Sua ignorante, desalmada, porque é que tu fizeste uma coisa dessas com a gatinha, mulher?
Ela me olhou com aquele mesmo olhar que dirigira para a gatinha e, com o dedo indicador na ponta de meu nariz, gritou:
- Um!
....
Depois disso, meu caríssimo repórter, nunca mais discutimos. Jamais discordei, contrariei, nem em ato nem em pensamento.
É isso que todos precisam saber: nunca me esqueci daquela voz decidida principiando a contagem:
- "Um..."
Pensa você que eu iria deixá-la chegar ao "Três"?
- Este é o segredo de uma vida conjugal serena, harmoniosa, duradoura.

sábado, 26 de abril de 2008

Chup-chup x Silicone

Transcrevo uma crônica publicada em jornalzinho daqui da região. Trata-se de publicação modesta, porém muito noticioso:

S I L I C O N E X C H U P - C H U P

Cidade pequena é assim mesmo, comentou, vira notícia.
Estava este que vos escreve sentado na Praça Cônego João Pio, em Goiabal, como sempre de olhos e ouvidos atentos.
Ao lado, duas senhoras papeavam:
- Amiga, você não sabe da melhor!
- O que é? Fala logo, não agüento de tão curiosa!
- Nossa amiga, a fulana. Vendeu chup-chup durante três anos seguidos.
- E daí?
- Daí que ela guardou o dinheirinho da venda, dia-a-dia, no cofrinho!
- Continuo não entendendo!
- Eu explico: o sonho dela era fazer cirurgia dos seios. Após três anos de economia, quebrou os cofrinhos, trocou as moedas por notas e partiu para Belo Horizonte com pouco mais de 1.200 reais na bolsa. Na clínica, ela perguntou:
- Doutor, quanto custa a cirurgia para turbinar meus seios?
- Só 4.500, com tudo pago: médico, anestesista e internação, respondeu o cirurgião.
- Ta bom! Eu volto daqui uns dias. Obrigada.
Desiludida, volta para sua cidade e conta ao marido aos prantos:
- Amor, fiz economia durante três anos para lhe fazer uma surpresa e não foi possível, faltaram R$ 3.200! Buá! Buá! Buá! Snif! Snif! Snif!
- Querida, vou lhe ajudar, decidiu o maridão.
Saiu, então, à procura de um caminhão mais velho e trocou pelo seu, novinho. Com o troco nas mãos, completou a quantia para a esposa.
Lá foi ela, de novo, feliz da vida, à procura do tal cirurgião.
Com o sonho realizado, sentindo-se toda poderosa, chegou poposuda em Goiabal-MG, exibindo as duas turbinas. Para realçar o visual, comprou vestido e blusas bem decotados. Sutian? Nem pensar!
Logo os problemas começaram a surgir: a testa do maridão começou a coçar, a coçar, até que veio a separação. O coroa foi trocado por dois de trinta.
Resultado: o bom marido ficou de caminhão velho e... sem mulher!
Cá com meus botões, fico matutando:
Isso é que dá rejuvenescer a esposa. Caso ela venha a se arrepender do que fez ao maridão e quiser se desfazer do silicone, terá que vender chup-chup por mais dez anos seguidos, porque maridão não tem mais caminhão novo pra trocar...
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Se você quer fazer chup-chup, também conhecido como geladinho, a receita está aqui. Quem sabe poderá fazer uma plástica, também?