sexta-feira, 4 de julho de 2008

Entrevista com Soié

Reproduzo minhas respostas às perguntas formuladas por Rowan Pedro Araújo do site Nova Era On Line:




Rowan: O senhor tem dado exemplos interessantes. Falo principalmente da dedicação ao trabalho e uma liderança familiar em harmonia com a esposa que traduz muita força e essencia nestes exemplos que colocamos e chega sos 80 anos participando da moderna linguagem eletronica / Internet entre um mix de gerações. Nós da Escola de MBA da cadeira de Recursos humanos, achamos isto fantástico. Como pode resumir isto para nós?


Soié: Sempre amei o trabalho. Frequentava o grupo escolar e nos momentos de folga ajudava o meu pai na "venda" (mercadinho) e selaria que ele possuia, localizada á rua Gov. Valadares.
Após concluir o grupo escolar fiz o ginasial no colégio Silvestre Moreira.
Meu pai sempre confiou em mim, por isso eu tinha alguma influência em decisões. Fui comerciante por mais de 30 anos no ramo de selaria e material de construção.
O Soié Bar até hoje é lembrado por todos que o frequentaram,
inclusive V. S., senhor Rowan.
Casei-me aos 24 anos e quatro meses de idade. Minha esposa, Aparecida, tinha 18 anos e oito meses. Temos nove filhos, todos com curso superior completo em seus currículos.
Nós dois sempre através de um constante diálogo, alcançávamos sem traumas o divisor comum.
Data de meu nascimento:
28/10/23, posso dizer que tenho 85 anos de idade.

Rowan: No correio, quando profissional, o telégrafo fazia parte da vida do senhor. Hoje o mundo da Internet, os e-mail´s, Blogs, Orkut etc. Como são estas diferenças? O senhor se sente uma pessoa do ambiente da cultura da comunicação? O trabalho nos Correios trouxe influência?



Soié: Não se pode nem comparar os Telégrafos de meu tempo na ECT, com Internet. Telegrama era um meio de comunicação a distancia muito eficiente, entretanto ficou superado com a INTERNET. Hoje a ECT envia e recebe telegrama via Internet, é instantâneo. Aprecio os e.mail's, Orkut, msn, blogs.
Fui funcionário dos Correios onde me ingressei em Março de 1954. Entre outras tarefas, fui telegrafista, quando se usava o código morse, meu nome se escrevia assim:
.. ... _ _ . _ . . _ ..

ou seja: dois pontos letra I, três pontos letra S, dois traços letra M, um ponto uma linha letra A, um ponto letra E, e um ponto um traço e dois pontos letra L . ISMAEL
Sim, admito que o correio ajudou muito.
Quando me aposentei em 1979, eu exercia a função de Gerente, ou seja chefe da Agência de Nova Era, minha terra natal.


Rowan: Entre todas cidades, principalmente da cidade de Nova Era, o senhor aparece como uma referencia de forte identidade familiar, carisma e história de morador cidadão que atarvessa gerações como empregado no correio, comerciante no Soié Bar, e depois como escritor e presença forte em nossos meios tanto físico, quanto virtual. Qual o sentimento de tudo isto?

Soié: O sentimento é de alegria, admito ter cumprido todos os deveres de cidadão. Considero-me um ótimo filho, não desapontei os meus pais em nada e tenho certeza, meus filhos não queixarão nada de mim.
Na parte social, cheguei a ser membro da diretoria do Automóvel Clube.
Encabecei uma lista para fundação do Minas Futebol Clube, cujo nome fora sugerido por mim, hoje Minas Esporte Clube.
Trabalhei como Contador, Distribuidor e Partidor Judicial no foro da Comarca de Nova Era, durante muitos anos.
Eu e minha esposa colaboramos também na formação do Curso Para Noivos, onde éramos coordenadores, e com muito entusiasmo fazíamos a palestra: Diálogo e Harmonia Conjugal.
Alguém disse que todo homem para ser homem deve plantar uma árvore, fazer um filho e escrever um livro. Não sou escritor, mas plantei algumas árvores, sou pai de oito homens e uma moça e escrevi um livro.

Rowan: O que falta ao Brasil para termos uma nação forte, comprometida com a ética, educação das pessoas, meio ambiente e valores humanos, preparada para desafios e senso de justiça social?

Soié: Falta apenas patriotismo dos homens que comandam o nosso querido Brasil. Todos eles, com raras exceções, são ambiciosos financeiramente, e muitos chegam a ser desonestos. Veja como a Policia Federal tem descoberto quadrilhas de corruptos e ladrões, muitos deles de colarinho branco.

Rowan: Qual conselho o senhor daria para nós que estamos nos relacionando no dia a dia neste mix de idade, expeiencias e visão do mundo e mudanças que nos chegam?

Soié: Acho que não tenho competência para dar conselhos, mas espero que pessoas de maior conhecimento, consigam um Brasil mais humano e mais justo, para que nossos filhos, netos, bisnetos e todos que residem nesse glorioso Brasil, consigam alcançar seus melhores objetivos.
Obrigado, Rowan, pela oportunidade que me proporcionou.